sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Descoberta da Alpha Centauri B


     Alpha Centauri é uma estrela muito conhecida. Ela vem a ser a estrela mais brilhante da constelação do Centauro. Junto com a Beta Centauri, é conhecida popularmente como a “guardiã” do Cruzeiro do Sul e uma das estrelas mais brilhantes do céu. Todo mundo que já pesquisou qual é a estrela mais próxima do Sol sabe que a resposta é Alpha Centauri, com uma distância aproximada de 4,4 anos-luz.
Na verdade, a Alpha Centauri é um sistema estelar triplo, em que a componente principal, Alpha Centauri A, é uma estrela muito parecida com o Sol; a secundária, Alpha Centauri B, é uma estrela um pouco mais fria; e a mais distante de todas e mais fria ainda é chamada de Próxima Centauri. Ela é, na verdade, a estrela mais próxima do Sol, a uns 4,2 anos-luz.
De tão popular, no final da década de 199  havia um jogo de computador em que o estágio final de avanço da civilização seria enviar um foguete até a Alpha Centauri para colonizar um planeta em sua órbita. Além disso, referências a essa estrela aparecem na “Fundação e a Terra”, de Isaac Asimov, em “Avatar”, no livro e no filme “Contato”, de Carl Sagan, e no saudoso seriado de TV “Perdidos no espaço”, cujo destino original da missão da nave Júpiter 2 era descer em um planeta em torno da Alpha Centauri.
Por ser tão parecida com o Sol, a Alpha Centauri A é, desde o século 19, motivo de especulação a respeito da possibilidade de haver um sistema planetário ao seu redor. O fato de existir outra estrela muito próxima (a Alpha Centauri B) seria um problema grave para a estabilidade desse sistema. Há alguns anos, saiu um estudo de dinâmica orbital mostrando que, sob determinadas condições, seria perfeitamente plausível encontrar um sistema planetário dinamicamente estável. Com o desenvolvimento e o aprimoramento dos instrumentos de busca por exoplanetas, começou a procura.
Em um estudo que sai nesta quarta-feira (17)  na prestigiosa revista “Nature”, astrônomos usando instrumentos do Observatório Europeu do Sul, o famoso ESO, descobriram um planeta rochoso orbitando a Alpha Centauri B. Mais do que rochoso, a massa desse planeta é comparável à da Terra!
A equipe usou o espectrógrafo de alta resolução Harps, talvez o principal instrumento de detecção de exoplanetas em funcionamento, acoplado a um telescópio de 3,6 metros no Chile. Esse instrumento mede os “puxões” gravitacionais provocados pelo planeta, conforme ele muda de posição em sua órbita em torno da estrela. Esse puxões fazem a posição da própria estrela se alterar periodicamente, fazendo-a “bambolear” no céu. Claro, são movimentos praticamente imperceptíveis.
“Foram necessários mais de 4 anos de observações e, ainda assim, detectamos um sinal minúsculo, mas real”, disse Xavier Dumusque, do Observatório de Genebra, Suíça.Esse sinal “minúsculo” indica que um planeta com massa semelhante à da Terra orbita a Alpha Centauri B a cada 3 dias e 5 horas aproximadamente.

Infelizmente, com um período orbital desses, esse planeta está perto demais da estrela para poder abrigar vida, mesmo sendo a Alpha Centuri B uma estrela ligeiramente mais fria que o Sol.
E quão “minúsculo” foi esse sinal? O Harps detectou variações de posição da estrela (o “bamboleio” gravitacional) com velocidade de 51 centímetros por segundo, ou 1,8 quilômetro por hora, algo como a velocidade de um bebê engatinhando!
Apesar de esse planeta ser quente demais para abrigar vida (pelo menos, a vida como conhecemos), a descoberta é muito importante porque representa um enorme passo na direção da detecção de um planeta “gêmeo” da Terra nas vizinhanças do Sistema Solar.





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